Zé Luís Pantera
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Ficha Técnica
 

Nome: José Luís dos Santos
Apelido: Zé Luís "Pantera"
Nascimento: 20/09/1945
Localidade: São Paulo/SP
Estado Civil: Casado
Grau de Instrução: Ensino médio
Profissão: Atleta profissional - Metalúrgico
Clubes: Corinthians - XV de Piracicaba - São José - Ferroviária - Comercial - Mixto - Juventus - Araçatuba - Atlético Goianiense - Campo Limpo Paulista.
Modalidade: Futebol
Conquistas: São José: Campeão do Vale 1964 - Campeão Paulista da Quarta Divisão 1964 - Campeão Paulista da Terceira Divisão 1965 - Campeão Paulista da Segunda Divisão 1966. Ferroviária de Araraquara: Bicampeão do Interior 1968 - Tricampeão do Interior Divisão Especial 1969. Mixto: Campeão de Mato Grosso 1976. Al Ahli: Campeão Saudita 1977.

Histórico
Nascido no bairro do Ipiranga, José Luís dos Santos - conhecido no meio futebolístico de São José dos Campos como Zé Luís "Pantera" - iniciou carreira futebolística no Corinthians em 1963. Como a maioria dos jogadores do passado também Zé Luís frequentava os campos de futebol da várzea nas domingueiras de São Paulo. Figura "carimbada" nos times de Ipiranga, São Bernardo, Piraporinha, certa vez Zé Luís foi convidado a participar de um amistoso entre as equipes juvenis de Corinthians e Cerâmica São Caetano, no ABC paulista.

Como era de esperar o time corintiano "passeou" em campo, levando de vencida o adversário goleando-o por 7x2. O resultado em si perde a importância, se levarmos em conta o que aconteceria depois. O time de São Caetano não possuía uma equipe das mais qualificadas, mas, destaque do time (foi dele os dois gols do time da casa) Zé Luís foi convidado a fazer testes no time juvenil do alvinegro de Parque São Jorge.

Modesto, Zé Luís afirma que "deu sorte", pois nem em seus melhores sonhos imaginaria receber um convite daquela importância. Surpresa maior foi ao chegar ao Parque São Jorge, encontrar já armário, meias, chuteiras, calções à sua disposição. Mais difícil que passar nos testes foi convencer a irmã a deixá-lo abandonar o emprego a fim de tentar a sorte no futebol.

A oposição tinha razão de ser: embora menor de idade, era ele quem com o seu salário ajudava no sustento da família. Por conta disso, o jovem só conseguiu seguir adiante devido à força dos diretores da empresa em que trabalhava. Como costuma dizer Galvão Bueno, quando das narrações de corridas de fórmula um: "chegar é uma coisa, ultrapassar é outra bem diferente". Traduzindo para a linguagem do futebol, "se chegar já não é fácil, que dirá então permanecer...".

Quem vivenciou essa época pode confirmar o que está sendo dito: naquele tempo o time principal do Corinthians era um dos fortes do estado de São Paulo, deixando de ser protagonista devido ao reinado exercido pelo emergente Santos Futebol Clube, liderado por tal Pelé. Justiça seja feita: o Palmeiras também possuía uma equipe de "encher os olhos", com os seus Julinho Botelho, Djalma Santos, Valdir Joaquim de Moraes e tantos outros.

Em razão da imaturidade, e por consequência, não encontrar espaço no elenco profissional, para "ganhar experiência" Zé Luís é emprestado ao XV de Piracicaba em 1964. Com ele no ataque o "Nhô Quim" mandou de volta a então Esportiva de Guaratinguetá para a Segunda Divisão. Era a época em que se disputava o chamado "Torneio da morte", onde os dois últimos classificados no campeonato se digladiavam pelo o direito de permanecer na divisão principal.

Por indicação de Pedro Yves e Edvar Simões, astros do basquetebol corintiano na oportunidade, Zé Luís é emprestado ao Esporte Clube São José, vindo a ter acrescentado pela torcida o codinome "Pantera", devido ao ímpeto com que se lançava às jogadas e à semelhança com Ademar Pantera o raçudo centroavante alviverde do Parque Antártica, goleador esmeraldino na década de 1960.

Três anos foi o tempo em que permaneceu no "Formigão do Vale", tempo suficiente para, juntamente com Sergio, (Leão ou Edson Mug) Baiano, Teodoro, Ajato, Batista, Meira, Dias, Teodoro, Ferreti, Bolacha, Bicudo, Valdir, levantar o título de campeão da Quarta Divisão e Terceira Divisão do futebol do estado de São Paulo.

Entretanto, uma portaria baixada por João Mendonça Falcão, presidente da Federação Paulista de Futebol determinava que para disputar a divisão principal do futebol do estado o clube teria que dispor de um estádio com capacidade igual ou superior a 10.000 expectadores. Sem alternativa, já que o estádio não ficaria pronto para a disputa do campeonato já no ano seguinte, Mario Ottoboni, o presidente, decidiu-se pela venda ou empréstimo de seus principais jogadores.

Indicado por Diede Lameiro, seu treinador no então "Formigão do Vale", Luís teve como destino a Ferroviária de Araraquara onde permaneceu por cinco temporadas. Meia-atacante, Zé Luís revezava com Maritaca nas armações de jogada e na artilharia da equipe. No esquema montado por Diede (e continuado pelo sucessor após sua ida para o São Paulo) tanto um quanto outro recuava para buscar o jogo, confundindo a marcação do adversário, propiciando ao companheiro de ataque chegar com maior facilidade diante do gol do oponente.

Usando desse expediente, em tarde inspirada e inesquecível para Zé Luís a Ferroviária humilhou o Napoli da Itália, vencendo- o por 4x0. Naquele jogo, memorável para a torcida, Zé Luís meteu três gols nas redes adversárias. Em outra apresentação de gala de Zé Luís a equipe "afeana" goleou o ainda poderoso Santos Futebol Clube por 4x1.

Por conta de suas apresentações dentro das quatro linhas e - mais - sua conduta fora de campo, Zé Luís, que lá na longínqua década de 1960 ganhara da torcida o carinhoso apelido de "Capacete" é cultuado ainda hoje pela torcida araraquarense.

No time da "Morada do Sol", como é carinhosamente conhecida a cidade, ele teve como companheiros: Baiano, Antoninho, Bazzani, Pio, Beni, Téia, Lance, Maritaca, Nei, participando inclusive de excursão para a América Central. Após "rodar o mundo" jogando futebol (Corinthians, XV de Piracicaba, Ferroviária, Comercial, Mixto, Juventus, Araçatuba, Atlético Goianiense e Campo Limpo Paulista, aos 35 anos Zé Luís decidiu encerrar a carreira de atleta profissional). Casado, com residência fixa em São José dos Campos, José Luís Pantera é admitido pela General Motors, empresa a qual permanece por 23 anos.

Durante sua estada naquela unidade, além das atividades normais de funcionário, o ex- atleta exerceu a função de treinador do time futebol amador daquela companhia. Entre seus comandados estavam Luís Carlos Barba, Zé Carlinhos (ex- São José), Flávio, Diminha... Com 69 anos de idade, aposentado e gozando de boa saúde, Zé Luís Pantera afirma ter sido muito feliz na vida e com a carreira que o escolheu (como foi dito no início, foi o Corinthians quem o procurou) e não ser contratado por um "clube grande" foi o único desejo não realizado. Com 54 gols marcados, Pantera é o terceiro maior artilheiro do São José, atrás apenas de Tião Marino e Bolacha - segundo consta na página 49 do livro "Formigão e Águia", do jornalista e escritor Alberto Simões.

Entrevista concedida por José Luís Pantera no interior de sua residência às 14h00 no dia 24 de outubro de 2014.

Pesquisa e Redação: Valter Brazão/MESJC